O PROCESSO PSICOLÓGICO DO PERDÃO: BASES PARA A SAÚDE PSÍQUICA E O AUTOCONHECIMENTO
Conteúdo do artigo principal
Resumo
Em sua essência o homem é, antes de tudo, um ser de relações. Embora a relação consigo próprio seja a mais contínua no ser humano é a relação com o outro que dá maior significado a sua existência. Entretanto, essa relação com o outro não está isenta de percalços e muitas vezes o indivíduo pode sair ferido dessa experiência, o que o faz querer romper com os laços estabelecidos e muitas vezes buscar vingança contra quem o magoou. Tal situação pode trazer consequências negativas, não apenas para o indivíduo por meio do seu adoecimento psíquico, mas também para o grupo social a que ele pertence devido ao surgimento de conflitos interpessoais ou intergrupais. Para evitar o surgimento da doença psíquica individual ou dos conflitos grupais é imperioso que se restabeleça uma relação saudável entre as pessoas que se magoaram, e isso só poderá ocorrer por meio do perdão. O perdão, e o processo de perdoar, tradicionalmente foram estudados pela Religião e pela Filosofia sendo que só recentemente esse tema tem sido abordado pela Ciência com especial destaque para a Psicologia. O ato de perdoar possui uma característica terapêutica clara permitindo ao indivíduo resignificar seus próprios conteúdos emocionais internos. Agindo como uma espécie de profilaxia psíquica, o perdão libera o indivíduo das ruminações mentais que o levariam ao adoecimento, bem como, possibilita o reestabelecimento de vínculos sociais que foram rompidos, garantindo a manutenção do bem coletivo. Nesse sentido, ao longo dos estudos realizados sobre o perdão, a Psicologia buscou compreender não apenas o que é o perdão, mas, sobretudo, buscou compreender como o indivíduo precisa agir para conseguir perdoar de fato. Assim sendo, a Psicologia conseguiu determinar pelo menos três modelos, o evolutivo-cognitivo, o processual e o psicossocial, que podem contribuir para fazer com que o indivíduo realize mais facilmente o ato de perdoar.